1. Introdução
Breve descrição da unidade: Nesta unidade, será capaz de identificar as principais barreiras e oportunidades de colaboração para promover iniciativas ecológicas e reforçar o envolvimento dos adultos. Identificar os principais cenários do quotidiano onde melhorar a colaboração entre pares e encorajar os vizinhos a adotar um estilo de vida mais ecológico. Ser capaz de aplicar estratégias simples para lançar e organizar iniciativas ecológicas locais. Incentivar uma abordagem intergeracional na transferência de conhecimentos para as novas gerações.
Declaração de competências:
Reconhecer os principais componentes da colaboração e das competências eficazes e aprender a aplicá-los na vida, especialmente no âmbito de iniciativas ecológicas. Reconhecer o poder de cuidar e de se envolver com a comunidade local e internacional de uma forma colaborativa para alcançar a proteção ambiental e outros objetivos de iniciativas ecológicas.
Resultados de aprendizagem:
- Compreender e ser capaz de articular os conceitos de resiliência e adaptação à mudança em relação a desafios pessoais e ambientais.
- Reconhecer e relembrar fatores que contribuem para a resiliência individual e comunitária, particularmente à luz do impacto das alterações climáticas no envelhecimento.
- Desenvolver competências práticas para avaliar os pontos fortes pessoais, desenvolver estratégias para o bem-estar e o envelhecimento sustentável e demonstrar empatia na adaptação e adoção da mudança.
Palavras-Chave: Competências de colaboração; Comunicação eficaz; Cooperação; Trabalho de equipa; Iniciativas ecológicas/verdes; Movimentos de raiz.
Tempo expectável: 8h
2. Competências de Colaboração
As competências de colaboração são designadas por trabalho de equipa ou relações interpessoais. Significa construir uma relação com a equipa, resolver conflitos e criar um ambiente de trabalho eficaz onde todos se sintam incluídos e respeitados enquanto trabalham para atingir um objetivo comum. São essenciais na maioria dos contextos sociais, bem como no local de trabalho. As aptidões de colaboração englobam uma variedade de atributos e competências, nomeadamente:
- Comunicação eficaz: Ouvir ativamente os outros e comunicar de forma clara e concisa. Esta competência é especialmente importante para facilitar a comunicação quando os temas são complexos e/ou sensíveis. Os bons comunicadores são capazes de informar, fazer perguntas e dar feedback de uma forma que seja facilmente aceite e compreendida.
- Resolução de problemas e de conflitos: Quando se trabalha em equipa, surgem frequentemente problemas ou conflitos. É normal que isso aconteça, mas é necessário ter uma atitude de colaboração para abordar e resolver os problemas de forma construtiva e inclusiva. É necessário identificar o problema, encontrar uma solução mutuamente aceite (ex.: sessão de brainstorming entre a equipa), chegar a um consenso e tomar decisões em equipa.
- Formação de equipas: Trata-se de um processo contínuo em que as interações, as catividades e os exercícios são utilizados regularmente para fomentar o respeito mútuo, a confiança e o sentimento de pertença através de um conjunto de objetivos e/ou valores partilhados. As equipas eficazes baseiam-se em comportamentos de colaboração, em que as relações interpessoais contribuem para o desenvolvimento do espírito de equipa.
- Flexibilidade e abertura de espírito: Ser aberto e positivo em relação às ideias e pontos de vista dos outros é um aspeto crucial do trabalho de colaboração, uma vez que garante que todos são valorizados e respeitados. A capacidade de adaptação e de ajustamento às circunstâncias em mudança é também essencial para garantir o êxito do trabalho de colaboração e para atingir os objetivos comuns. Uma perspetiva positiva é também importante para cultivar o apoio mútuo e manter a motivação elevada.
- Responsabilidade e fiabilidade: Poder confiar no empenho dos membros da equipa para concluir as tarefas atribuídas permite um melhor fluxo de trabalho. Cria um sentimento de respeito pela distribuição das tarefas acordadas e pelos prazos estabelecidos.
- Empatia: Os indivíduos mais empáticos conseguem compreender melhor outras perspetivas, desafios e motivações. Isto permite-lhes estabelecer ligações a um nível mais profundo e, por conseguinte, ser mais colaborativos.
Material prático
Apresentação
Atividades de reflexão

Pode indicar algumas situações quotidianas em que ter competências de colaboração é útil?

Quais são, na sua opinião, os principais desafios ao desenvolver um programa de iniciativa ecológica que requer partes interessadas de diferentes setores?

3. Iniciativas Ecológicas Locais & Organizações de Raiz
Objetivos e estratégias das iniciativas ecológicas locais
As iniciativas ecológicas reúnem diferentes pessoas sob um mesmo teto: o desejo de conservar e proteger a natureza e a biodiversidade. Este é o seu objetivo comum geral. Para serem bem-sucedidas, estas iniciativas requerem a colaboração adequada de diferentes partes interessadas. O trabalho construtivo e eficaz destas diferentes partes interessadas garante o êxito da iniciativa ecológica.
As metas, os objetivos e as estratégias definidas fornecem um quadro para as iniciativas ecológicas locais abordarem os desafios e as oportunidades ambientais específicos das suas comunidades, conduzindo a um futuro mais sustentável e mais ecológico.
Para começar, a iniciativa ecológica tem de ser desenvolvida por alguém, seja uma ONG ambiental, um grupo de cidadãos interessados ou outros. As iniciativas ecológicas, tal como o nome indica, só precisam de iniciativa e de um grupo impulsionador para passar a iniciativa do papel para a vida real. A categorização de quem inicia a iniciativa não é essencial, o que é essencial é a motivação e o sentido de missão dos seus membros.
Uma vez que as iniciativas ecológicas são frequentemente grupos de ativismo liderados pela comunidade, as suas estratégias centram-se no envolvimento da comunidade nos seus programas, tais como workshops, atividades de limpeza, plantação de árvores, etc. Este envolvimento sensibilizará a população para os desafios ambientais locais e para as oportunidades que têm de participar num impacto positivo. Isto reforçará a força da iniciativa ecológica em termos numéricos, uma vez que alguns podem tornar-se voluntários/membros ou porta-vozes. A colaboração com empresas e ONG locais também aumentará a sua relevância e visibilidade.
Para aumentar a seriedade da iniciativa, é necessário monitorizar e recolher dados sobre as iniciativas. Ao comprovar os impactos positivos da iniciativa, a sua relevância e correção tornam-se mais claras. Isto também torna a iniciativa mais elegível para financiamento e investimentos que, por sua vez, alimentarão o número de resultados que pode ter na comunidade, tais como projetos-piloto e demonstrações.
O envolvimento das escolas é também uma estratégia muito poderosa. Ao chegar aos mais jovens, a iniciativa está a educar a futura educação que pode seguir os seus princípios e aumentar os seus impactos durante um período mais longo. Contribui também para formar cidadãos mais “eco-literados”, e sensibilizados, mais capazes de serem agentes de sustentabilidade no futuro.
O principal objetivo e estratégia são alcançar a governação local. Para que a iniciativa seja implementada e bem-sucedida, é frequentemente necessário envolver as autoridades locais e os órgãos governamentais. Estes podem implementar regulamentos e leis para incentivar a sustentabilidade, conceder financiamento e recursos a iniciativas ecológicas e coordenar relações e atividades com outras partes interessadas. Desta forma, a iniciativa ganhará uma voz ativa de mudança na comunidade. A visão da iniciativa pode ser integrada em estratégias sustentáveis locais, planeamento urbano e medidas de conservação.
Em geral, o êxito de uma iniciativa ecológica depende da eficácia e da colaboração das partes interessadas envolvidas. Todos os membros, organizações e setores da comunidade têm um papel a desempenhar na promoção ou na prevenção do seu êxito. É importante ter em conta e envolver a comunidade para fomentar hábitos sustentáveis, aumentar a consciencialização ambiental, impulsionar o apoio a iniciativas e políticas ecológicas para que possamos desenvolver comunidades mais sustentáveis e ecológicas.
As iniciativas ecológicas locais têm normalmente metas, objetivos e estratégias específicas destinadas a promover a sustentabilidade e a conservação do ambiente a nível comunitário. Estas metas, objetivos e estratégias podem variar muito em função das necessidades e prioridades específicas de cada comunidade, mas eis alguns exemplos comuns:
Estas metas, objetivos e estratégias fornecem um quadro para as iniciativas ecológicas e verdes locais abordarem os desafios e oportunidades ambientais específicos das suas comunidades, conduzindo a um futuro mais sustentável.
Discussões colaborativas em iniciativas ecológicas
As discussões colaborativas, independentemente do contexto em que se realizam, são orientadas por vários princípios-chave que ajudam a garantir uma comunicação eficaz, a resolução de problemas e a cooperação entre os participantes. Estes princípios promovem uma troca produtiva e respeitosa de ideias e informações. Seguem-se os principais princípios dos debates de colaboração (fig. 1):

Figura 1 – Elementos-chave de uma discussão colaborativa.
Ao aderir a estes princípios, as discussões e debates de colaboração podem ser mais produtivas, respeitosas e conducentes à consecução de metas e objetivos partilhados. A colaboração eficaz é essencial numa vasta gama de contextos. No caso específico das iniciativas ecológicas locais, estas têm frequentemente objetivos e estratégias específicos que se adaptam às necessidades ambientais locais. Alguns dos objetivos são apresentados no quadro seguinte:
Tópico principal | Exemplos de Ações |
Conservação do ambiente | Proteger e preservar um elemento ambiental local: árvores, uma floresta, uma instância de água, um setor da costa, atividades de limpeza (por exemplo um “beach clean up”) etc. |
Preservação da biodiversidade | Campanhas para proteger as principais espécies locais. Ações de luta contra as espécies invasoras. Plantação de árvores e plantas locais. |
Utilização sustentável dos recursos | Campanhas para reduzir a utilização de água, energia e terra. Promoção da redução de resíduos, em especial de plástico, e promoção de atividades de reutilização e reciclagem. |
Ação climática | Promover a mobilidade sustentável para reduzir as emissões de gases com efeito de estufa. Melhorar a resiliência climática local. Melhorar a eficiência energética dos edifícios. |
Educação e sensibilização ambiental | Workshops e actividades educativas semelhantes para promover a sensibilização ambiental. Criar programas de voluntariado. |
Saúde e bem-estar da comunidade | Criar espaços naturais de lazer para promover a ligação à natureza e as atividades físicas. Melhorar a qualidade da água e do ar através da promoção de zonas verdes. Promover a produção local de alimentos, hortas comunitárias e programas de desperdício zero de alimentos para melhorar a nutrição da comunidade e minimizar a pegada ambiental. |
Organizações de raiz
Os movimentos de raiz ou movimentos de base são movimentos organizados por um grupo de indivíduos num determinado local que trabalham para um objetivo comum. O seu objetivo é introduzir mudanças sociais e políticas no seu ambiente local, combinando os seus esforços para aumentar a escala da iniciativa. Utilizam uma estratégia ascendente – concentram-se na micro-escala para alcançar uma mudança macro – mesmo que não se apercebam de que esta estratégia está a ser utilizada. Normalmente, são formadas de uma forma orgânica que ganha força com o poder das suas convicções (Brian Ka Chan, 2020; Longley, 2022).
Por exemplo, o +350 é um movimento de base climática. O seu objetivo é trabalhar para o fim dos combustíveis fósseis e desenvolver uma comunidade global centrada nas energias renováveis, na inclusão e na justiça.
Material prático
Atividade 1: “Vamos colaborar de forma verde?”
Atividade 2: “Jardim colaborativo”
Atividades de reflexão

Alguma vez participou em programas de voluntariado ambiental? Porquê? Se sim, o que aprendeu e qual o impacto que teve? Se não, porquê?

Conhece alguma iniciativa ecológica local em que possa estar envolvido? Se não, consegue encontrar uma?

4. Resumo do Módulo

5. Quiz
6. Leitura Complementar
- Report: Older People and Climate Change: the Case for Better Engagement (Haq et al., 2010)
- Article: Older People and Action on Climate Change: A Powerful But Underutilized Resource (Pillemer et al., 2021)
- How to improve your collaboration skills and be a better collaborator (Smart, 2021)
https://www.sessionlab.com/blog/collaboration-skills/
- +350 Grassroot movement
https://350.org/
7. Referências
- Andriollo, E., Caimo, A., Secco, L., & Pisani, E. (2021). Collaborations in Environmental Initiatives for an Effective “Adaptive Governance” of Social–Ecological Systems: What Existing Literature Suggests. Sustainability, 13(15), 8276–8276.
https://doi.org/10.3390/su13158276
- Azevedo, C., & Sánchez, M. (2019). Pathways to Sustainable Intergenerational Programs: Lessons Learned from Portugal. Sustainability, 11(23), 6626.
https://doi.org/10.3390/su11236626
- Brian Ka Chan. (2020, September). Grassroots – What and Why is it Important? Diversity.social;
https://diversity.social/grassroots/#:~:text=In%20politics%2C%20a%20%E2%80%9Cgrassroots%20movement%E2%80%9D%20is%20a%20movement,issues%2C%20human%20rights%20violations%2C%20poverty%2C%20and%20economic%20inequality
- Citizen, G. (n.d.). 15 Grassroots Organizations That Are Saving the Planet. Global Citizen.
https://www.globalcitizen.org/en/content/15-grassroots-organizations-saving-the-planet/
- Everingham, J.-A., Warburton, J., Cuthill, M., & Bartlett, H. (2012). Collaborative Governance of Ageing: Challenges for Local Government in Partnering with the Seniors’ Sector. Local Government Studies, 38(2), 161–181.
https://doi.org/10.1080/03003930.2011.615834
- Haq, G., Brown, D., & Hards, S. (2010). Older People and Climate Change: the Case for Better Engagement.
https://mediamanager.sei.org/documents/Publications/Climate-mitigation-adaptation/pr%20-%20old%20people%20and%20climate%20change%20pr%20100826lowres.pdf
- Hartman, C. L., Hofman, P. S., & Stafford, E. R. (2002). Environmental Collaboration. Eco-Efficiency in Industry and Science, 8, 21–40.
https://doi.org/10.1007/978-94-017-2545-3_2
- Kay, M. J., Kay, S. A., & Tuininga, A. R. (2018). Green teams: A collaborative training model. Journal of Cleaner Production, 176, 909–919.
https://doi.org/10.1016/j.jclepro.2017.12.032
- Kim, D. K. (2020, January 13). How collaboration is driving the global climate agenda. World Economic Forum.
https://www.weforum.org/agenda/2020/01/how-cross-sector-collaboration-is-driving-the-global-climate-agenda/
- Longley, R. (2022, July 29). What is a grassroots movement? Definition and examples. ThoughtCo.
https://www.thoughtco.com/grassroots-movement-definition-and-examples-5085222
- Pillemer, K., Cope, M., Nolte, J., & Ma. (2021). Older People and Action on Climate Change: A Powerful But Underutilized Resource.
https://www.unescap.org/sites/default/d8files/event-documents/KPillemer_paper.pdf
- Ricee, S. (2020, August 5). Grassroots (What, Why, How) – The Complete Guide to Grassroots [2023 ] | Diversity & Social Impact Made Easy. Diversity for Social Impact. https://diversity.social/grassroots/#:~:text=In%20politics%2C%20a%20%E2%80%9Cgrassroots%20movement%E2%80%9D%20is%20a%20movement
- Uchiyama, Y., Chika Takatori, & Ryo Kohsaka. (2022). Designing participatory green area management and biodiversity conservation strategies in the era of population shrinkage: empirical analysis of multi-generational perceptions on Satoyama rare species in central Japan. Landscape and Ecological Engineering, 18(3), 321–339.
https://doi.org/10.1007/s11355-022-00501-1